Os chamados psicopatas do cotidiano, estão caracterizados em vários subtipos. Mas todos eles tem um item que se identificam entre si: a falta de empatia e remorso pela dor do outro, seja ela física, mental ou emocional.
Psicopatia: o que é?
"A psicopatia é um transtorno de personalidade que, segundo estudos, acomete cerca de 3% da população mundial, atingindo mais homens que mulheres. Segundo a psicanalista Júlia Bárány, a psicopatia é um estado no qual existe excesso de razão e ausência de emoção. Muitas vezes o indivíduo que tem a psicopatia simula emoções que não sente verdadeiramente com algum objetivo próprio.
"Psicopata é a designação atribuída a um indivíduo com um padrão comportamental e/ou traço de personalidade, caracterizada em parte por um comportamento antissocial, diminuição da capacidade de empatia/remorso e baixo controle comportamental ou, por outro, pela presença de uma atitude de dominância desmedida. Esse tipo de comportamento agonista é relacionado com a ocorrência de delinquência, crime, falta de remorso e dominância, mas também é associado com competência social e liderança. A psicopatia, descrita como um padrão de alta ocorrência de comportamentos violentos e manipulatórios, é frequentemente considerada uma expressão patológica da agressão instrumental, além da falta de remorso e de empatia.
De maneira geral, nos homens, o transtorno tende a ser mais evidente antes dos 15 anos de idade, e nas mulheres pode passar despercebido por muito tempo, principalmente porque as mulheres psicopatas parecem ser mais discretas e menos impulsivas que os homens. Por se tratar de um transtorno de personalidade, o distúrbio tem eclosão evidente no final da adolescência ou começo da idade adulta, por volta dos 18 anos e geralmente acompanha por toda a vida.
A psicopatia é um conceito controverso, e diferentes grupos e associações têm proposto critérios diferenciados de diagnóstico. Seus aspectos mais característicos foram identificados primeiramente em prisioneiros e pacientes de manicômios judiciários, mas mais tarde se ampliou o escopo da avaliação para todos os tipos de população, uma vez que alguns traços de psicopatia podem ser encontrados em qualquer indivíduo.[3] Critérios diagnósticos pelo DSM-IV-TR para transtorno de personalidade antissocial:
A. Um padrão pervíssimo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
1. Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção;
2. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
3. Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas; porém, paradoxalmente, têm fama e geralmente agem de forma bem comportada.
4. Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
5. Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
6. Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa.
7. Comportamento sexual exacerbado e inadequado, via de regra com vários parceiros, sem nenhuma ligação afetiva;
8. Agressividade contra animais domésticos;
9. Desrespeito e desprezo por ambientes familiares;
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
A psicanalista Júlia Bárány, formada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa, explica que não se sabe exatamente qual é a causa da psicopatia. Sabe-se que o psicopata tem uma anomalia no funcionamento de uma área específica do cérebro, o córtex orbitofrontal. "Esta região é responsável por levar as emoções ao resto do cérebro e no psicopata ela se apresenta quase sem atividade", conta.
É possível que exista uma causa genética, uma vez que é comum que existam parentes, não necessariamente pai e mãe, com o mesma transtorno. Outro fato conhecido é que a psicopatia não é causada por traumas ou eventos ao longo da vida, mas determinada desde o nascimento.
Psicopatia X Psicose
É comum que se confunda o psicopata, que tem uma psicopatia, com o psicótico, que tem psicose. Júlia explica que são duas alterações diferentes. "A psicose é uma doença mental que inclui problemas no contato com a realidade, distorções, alucinações e manias. Já a psicopatia é um distúrbio de personalidade que não tem problema algum na relação com a realidade, ele não alucina, pelo contrário, domina muito bem a realidade e tem controle excessivo dela", explica.
Personalidade do psicopata
Autopercepção do psicopata
Segundo a psicanalista, um psicopata sabe que é diferente, pois se sente superior aos outros. Pessoas que tem esse transtorno de personalidade convivem com um grande vazio interior. Por serem incapazes de sentir emoções, buscam prazer no sofrimento do outro.
Relacionamentos
A psicanalista Júlia explica que o psicopata na sociedade não necessariamente é um criminoso, mas o transtorno impõe que ele prejudique outras pessoas de forma emocional, psicológica, social, financeira ou profissional. "Quanto mais culta e bem educada é a pessoa com psicopatia, mais sofisticadas são suas manobras". Por isso muitas pessoas acreditam que existem diferentes níveis de psicopatia, mas o que há na verdade são níveis de requinte em suas ações.
A especialista explica que um psicopata pode ter uma vida aparentemente "normal", fingindo ser o que não é, usando diversas máscaras de acordo com o ambiente em que está inserido e seus objetivos nesse local. "Tanto é que diferentes pessoas podem ter imagens totalmente diferentes de um psicopata".
Como é extremamente inteligente, a pessoa com o transtorno de personalidade consegue tirar vantagem em quase todas as ocasiões, entrando em cena para localizar alvos interessantes para manipular e servir aos seus propósitos, relacionados com poder, controle ou mesmo sexo.
Como são incapazes de sentir emoções, procuram prazer na tortura física, psicológica e emocional de suas vítimas, por isso, é comum que o psicopata leve suas relações até a destruição. Em consequência, ele muda constantemente de ambiente e de parceiro amoroso, a não ser que manter um lhe seja vantajoso de alguma forma. Mesmo assim, a psicopatia impede que haja contentamento com um único parceiro sexual.
Tendência ao crime
Segundo Júlia, psicopatas têm propensão ao crime se essa for a melhor saída para obter oque ele desejar sem ser descoberto. "A polícia sabe se um crime é cometido por psicopata ou não pela presença ou ausência de pistas. Um criminoso comum deixa pistas porque inconscientemente se culpa pelo erro cometido e busca a punição, o psicopata jamais faria isso, porque para ele não existe culpa ou erro, o outro é um objeto", explica.
Características de um psicopata
Júlia Bárány explica que existem algumas atitudes que ajudam a identificar casos de psicopatia entre parentes e amigos. No entanto, é importante ressaltar que apenas um profissional da psicologia ou psiquiatria pode diagnosticar esse transtorno de personalidade. É possível ainda que uma pessoa tenha as características abaixo apresentadas, mas não seja psicopata.
Consegue dominar qualquer conversa e em seu discurso aparece um número grande de vezes as palavras como ‘eu’, ‘meu’ e ‘para mim’.
Revela publicamente e sem constrangimento fatos íntimos que outras pessoas lhe confidenciaram.
Quer ser sempre o centro das atenções.
Desrespeita as regras do convívio social e rituais sociais de relacionamento.
É extremamente educado quando lhe convém.
Costuma fazer-se de vítima contando a história de sua vida e de como tudo sempre o fez mal."
Tipos de Psicopatas:
Os tipos de psicopatas estão selecionados em 3 (três) subcategorias:
- Grupo A
Esquizóide: maior no sexo masculino. Os traço aparecem a partir da infância. A criança brinca sozinha, tem poucos amigos e um rendimento escolar baixo da média.
O individuo não deseja nem desfruta de relações intimas;
Prefere atividades solitárias;
Tem pouco interesse por experiências sexuais;
Não sentem prazer em quase nada;
Não tem amigos próximos;
Mostra-se indiferente a elogios ou a críticas;
Demonstra frieza emocional.
Esquizotipico: podem se vestir de maneira excêntrica e usar um vocabulário próprio. Extremamente sensíveis, tendem a se atribuir poderes especiais, como ver gente morta, comunicar-se por telepatia ou mover objetos com a força do pensamento.
Ideias de referência, crenças estranhas ou pensamento mágico;
Experiências perceptivas incomuns;
Pensamento e discurso diferente do convencional;
Desconfiança ou ideação paranoide;
Afeto inadequado ou constrito;
Comportamento e aparência extravagantes;
Ausência de amigos próximos;
Excessiva ansiedade social.
Paranoide: é mais comum entre os homens. Os traços podem aparecer na infância e adolescência, com relatos de baixa sociabilidade, rendimento escolar sofrível e ansiedade social.
Suspeita, sem embasamento, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado;
Preocupação injustificada com a lealdade de amigos e sócios;
Incapacidade de confiar em quem quer que seja;
Percepção de significados ocultos em qualquer situação;
Guarda rancores;
Acredita sofrer ataques a seu caráter ou a sua reputação que não são percebidos pelos demais;
Tem dúvidas constantes sobre a fidelidade do parceiro(a).
- Grupo B
Antissocial: mais comum entre os homens. Há estudos indicando que ter um parente de primeiro grau com transtorno acarretaria uma predisposição ao problema. É comum que indivíduos com essa natureza também apresentam características dos TPs narcisista, boderline e histriônico. Não há tratamento ou remédio que auxilie quem tem esse transtorno, mas, com o passar do tempo , os traços podem suavizar.
Fracasso em ajustar-se às normas sociais;
Tendências à falsidade;
Incapacidade de planejar o futuro;
Irritabilidade ou agressividade;
Descaso com a própria segurança ou com a segurança alheia;
Irresponsabilidade reiterada;
Ausência de remorso.
Bordeline: mais comuns entre as mulheres. Não há cura, mas o passar do tempo atenua as características. Dos 30 aos 50 anos, grande parte dos indivíduos com esse transtorno conquista maior estabilidade afetiva e profissional.
Esforços desesperados para evitar o abandono real ou imaginado;
Padrão de relacionamentos interpessoais intensos e instáveis;
Perturbação da identidade, com instabilidade da percepção sobre si mesmo;
Impulsividade em pelo menos duas áreas autodestrutivas (consumismo, abuso de álcool e drogas, sexo sem proteção);
Recorrente comportamento suicida ou automutilante;
Instabilidade afetiva;
Sentimento crônico de vazio;
Raiva intensa e difícil de ser controlada;
Ideação paranoide em momentos de estresse.
Histriônico: É preciso levar em conta a questão cultural, uma vez que, entre os ocidentais, a repressão a comportamentos exibicionistas é bem menor do que entre os orientais.
Desconforto em situações em que não é o centro das atenções;
Comportamento sexualmente sedutor e exagerado;
Mudanças emocionais rápidas;
Discurso grandiloquente, mas carente de detalhes;
Dramatização das emoções;
Uso excessivo da aparência física para atrair olhares;
Personalidade sugestionável;
O individuo acredita que as relações pessoais são mais íntimas do que de fato são.
Narcisista: mais comum entre homens. Os traços de personalidade podem piorar com a idade, e o profissional precisa tomar cuidado para não confundir as facetas narcisistas com episódios de mania ou hipomania (alteração de humor fora do convencional).
Sensação grandiosa quanto à própria importância;
Fantasias de sucesso ilimitado, na vida profissional e na amorosa;
Crença de ser alguém único e especial;
Demanda excessiva por atenção;
Certeza de possuir direitos exclusivos;
Carência de empatia;
Tendências a ser explorador nas relações interpessoais;
Comportamento arrogante e insolente;
Propensão a ter inveja e se sentir alvo de inveja.
- Grupo C
Dependente: predominantemente entre mulheres, mas deve ser estabelecido com cuidado, porque em algumas faixas etárias, grupos sociais e culturas valoriza-se o comportamento passivo.
Dificuldade para tomar decisões cotidianas sem um aconselhamento excessivo;
Terceirização da responsabilidade sobre as principais áreas de sua vida a outras pessoas;
Raras manifestações de desacordo, para não perder o apoio ou aprovação;
Falta de iniciativa para começar novos projetos ou fazer coisas por conta própria;
Ida a extremos para obter carinho e amparo;
Sentimento de desconforto quando sozinho, por se acreditar incapaz de cuidar de si mesmo;
Medo irracional de ser abandonado à própria sorte;
Busca urgente de outra relação como fonte de cuidado após o término de um relacionamento intimo.
Evitativo: crianças tímidas, isoladas e com medo de desconhecidos ou de novidades podem desenvolver o transtorno na vida adulta.
Evitam atividades profissionais que incluam contato interpessoal significativo;
Não se envolvem com outros sem a certeza de que serão bem recebidos;
são reservados nos relacionamentos íntimos, por vergonha ou medo do ridículo;
Preocupam-se com críticas e rejeições;
Ficam inibidos para conhecer gente nova, por se sentirem inadequados;
Acreditam ser socialmente incapazes, sem atrativos e inferiores aos demais;
Relutam exageradamente em assumir riscos ou fazer coisas novas.
Obsessivo: aparece duas vezes mais entre homens do que em mulheres. É importante observar que algumas sociedades valorizam excessivamente o trabalho e a produtividade.
Preocupação excessiva com regras, organização e horários;
Perfeccionismo que atrapalha a conclusão de tarefas;
Tendência a preferir o trabalho ao lazer;
O individuo aparenta ser inflexível e escrupuloso em relação à moral, à ética e aos valores;
Dificuldade em descartar objetos usados, mesmo quando não servem mais;
Relutância em delegar tarefas ou trabalhar em equipe;
Preocupação exagerada em poupar para o futuro, que pode levar à sovinice;
Comportamento rígido e teimoso.
Identificação
Os tipos citados acima, são psicopatas que no dia-a-dia podemos ter contato e nem sabemos. Importante quando identificamos comportamentos do tipo, saber como se precaver e não te uma experiência traumática. Criar falsas esperanças sobre a mudança do outro pode ser uma armadilha. A mudança para evitar esses traumas tem que vir de você. Identificando os problemas e se distanciando dessas pessoas. Bjs. Andreia
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